Conheça o Uncanny Valley

Seus piores pesadelos se tornando realidade.






Eu lembro, que acho que em 2000, o Jornal Nacional fez uma matéria sobre um filme que seria lançado no ano que vem. Para o principal jornal da tv brasileira fazer uma reportagem sobre um filme que não seja nacional, acredite, tem que ser algo grandioso. E parecia ser mesmo. O filme em questão era Final Fantasy: The Spirits Within. A animação era estupenda para a época, contando até com rugas e outras imperfeições na pele dos personagens. Parecia...real. Só que o problema foi esse. Real até demais.

O filme finalmente foi lançado em 2001, com um custo expressivo até para os padrões de hoje de 137 milhões de dólares. Esperava-se um grande sucesso. Mas vamos apenas dizer que Atlantis, um dos maiores fiascos da história da Disney fez mais que o dobro de grana que Final Fantasy. Mas porquê esse fiasco todo? Os reviews não foram tão ruins, apesar que como vimos, críticas não costumam significar muito. O filme é meio chato? Um pouco, mas nada "Código-da-Vinciano". O problema é que talvez os criadores tenham se utilizado tão bem das rugas, que o resultado acabou sendo realista demais para a platéia, atingindo aquilo que podemos chamar de "Vale Inquietante", ou, mais estilosamente, Uncanny Valley.




Bizarro...


Se você voltar a assistir Final Fantasy hoje em dia, talvez você não ligue muito, afinal a produção já está um pouco datada, mas na época, em que tudo que era feito em animação eram basicamente brinquedos e insetos, e robôs eram apenas aqueles das fábricas de automóveis, um ser humano tão similar era realmente bizarro. E é isso do que se trata o Uncanny Valley. Cunhado pelo roboticista japonês Masahiro Mori e originalmente aplicado apenas a robôs, com a evolução da tecnologia, pôde ser aplicado também em animações, afirmando que quanto mais algo se aproxima do real, maior é a rejeição do público. E com esse mundo infestado por efeitos CG nos últimos tempos, esse vale vai ser algo cada vez mais comum nas nossas vidas.


Zumbis são sempre os mais odiados


Volte para a postagem sobre o game Heavy Rain, feito há alguns dias atrás. Veja o primeiro vídeo, o de 2006. Assistiu? Perturbador não acha? Parece que é realmente alguém te apontando uma arma na cabeça. Um desenho de palitinho fazendo isso já não seria tão bacana, mas algo que pareça tanto com o ser humano, fica mais terrível ainda. Mas você realmente achou ela tão parecida com um ser humano assim? Acredito que não. Ela parece bem bizarra na verdade não acha? Mas tudo feito nela feito nela busca se assemelhar ao rosto da atriz Aurélie Bancilhon. O problema é que sua mente simplesmente não aceita o que está vendo e acaba gerando uma resposta negativa de sua parte. O cérebro e seus sofisticados jogos mentais.



Agora assista o segundo vídeo no link de Heavy Rain. Sim, eu realmente quero que você aprecie essa postagem. Vê como o resultado é muito menos inquientante? É isso que os produtores de games mais desejam e o quê essa geração parece estar próxima de fazer: "atravessar o vale". O grande objetivo de boa parte das empresas de videogames (talvez não a Nintendo. Ela gosta desse mundo simples como sempre foi) é conseguirem fazer algo que pareça tão real que os seus olhos não irão diferenciar realidade e ficção e finalmente não rejeitarão mais o que está vendo. O futuro da Skynet finalmente se aproximando? Parece que saberemos isso em poucos anos.



Eu sei. Essa imagem de abertura do post é tão bizarra quanto os piores exemplos do "Vale Inquietante".

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